Márcio Minervino dirigiu a peça “Sertão Ariano”
Por Mariana Haun
Luz, cortinas e palcos abertos …… De pai baiano e mãe cearense, a cultura nordestina corre nas veias do ator e diretor brasiliense Márcio Minervino, de 42 anos.
A peça que dirigiu “Sertão Ariano”, no ano de 2016, nasceu depois de um ano e meio de pesquisa e de uma vontade pessoal de representar não só uma obra específica do dramaturgo, mas também de unir elementos que representassem o artista e o Nordeste em um único palco. Márcio Minervino é o grande responsável por idealizar e trazer à vida o livro "A Pena e a Lei", escrito e publicado por Ariano Suassuna em 1971.
"Quando é necessidade aí sim vira arte. Então, já virou um alimento que eu preciso ter pra cultura. As pessoas precisam realmente se alimentar das tradições brasileiras e o Movimento Armorial coloca um estado de excelência no conhecimento do destino da tradição nordestina".
A escolha do livro foi quase que uma obra do destino. O processo iniciou com uma pesquisa sobre o Woody Allen. Mas ele mudou de ideia quando uma colega apareceu com o texto ``Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta". Márcio conta que, quando viu o tamanho do texto, falou que era um trabalho para 50 anos de produções. Desistiram então de Allen e partiram para se aventurar no universo nordestino
"Simplicidade para que a gente pudesse injetar uma riqueza de ideais". Esse é o motivo que Minervino cita sobre a decisão de fazer a peça.
A construção da peça foi toda baseada no primeiro ato que trata de uma história de amor interpretada por personagens que se comportam e se vestem como mamulengos. A trama gira em torno de Benedito tentando conquistar Marieta desmoralizando os dois.
O objetivo era trazer para a simplicidade algo rico, onde tudo era produzido por ele e por outros autores. Não existia coxia. Todos os atores ficam em cena o tempo inteiro. Quando não possuem fala, ficam em estátua como um mamulengo.
Os acréscimos de Minervino foram inseridos por elementos fora do contexto da obra de Ariano. Entre as inclusões, há música de Roberto Carlos de fundo, elementos da cultura brasiliense e até mesmo um telão que foi utilizado para projetar os cenários. Minervino ainda conta que, se pudesse refazer o trabalho, adicionaria um celular em cena.
"Um dos aprendizados que eu tirei foi que a teoria na prática é outra coisa. Não há nada como experimentar. Enquanto houver experimentação vai haver evolução na arte."
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